quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Açúcar pode causar efeito semelhante ao da cocaína no cérebro

DA "NEW SCIENTIST"
O açúcar pode causar efeito no cérebro semelhante ao da cocaína, segundo estudos recentes realizados nos Estados Unidos. Atualmente, há evidências convincentes de que os alimentos ricos em gordura, açúcar e sal --como a maioria de junk food-- podem alterar a química do cérebro, da mesma forma como drogas altamente viciantes, como cocaína e heroína.
A ideia, considerada marginal há apenas cinco anos, está rapidamente se tornando uma visão comum entre pesquisadores em razão de novos estudos. Apesar disso, os mecanismos biológicos que levam ao vício em junk food ainda não foram revelados.
Alguns cientistas dizem que há dados suficientes para justificar a regulação governamental do setor de fast food e as advertências de saúde pública sobre os produtos que têm níveis perigosos de açúcar e gordura. Um advogado de campanha afirmou que pode até haver provas suficientes para organizar uma luta legal contra a indústria do fast food por vender alimentos sabidamente prejudiciais à saúde, ecoando as ações judiciais contra a indústria do tabaco nos anos 1980 e 1990.
"Temos que educar as pessoas sobre como seus cérebros são hipnotizados por gordura, açúcar e sal", disse David Kessler, ex-comissário da FDA (agência reguladora americana de alimentos e medicamentos) e agora diretor do Centro para Ciência no Interesse Público, com sede em Washington DC. Mas será que os doces podem ser tão prejudiciais quanto vício em drogas?
Antes de haver qualquer evidência científica sobre isso, foi a indústria de perda de peso que introduziu a ideia ao público. Por exemplo, no livro "Lick the Sugar Habit", publicado em 1988, a autora Nancy Appleton, autodeclarada viciada em açúcar, ofereceu uma lista de verificação para determinar se os leitores também eram viciados em açúcar. Desde então, o conceito tornou-se banal.
Em 2001, fascinado pelo fenômeno cultural emergente, os neurocientistas Nicole Avena, agora na Universidade da Flórida, em Gainesville, e Bartley Hoebel, da Universidade de Princeton, começaram a explorar a ideia de se ter uma base biológica. Eles começaram a procurar sinais de vício em animais que eram alimentados com junk food.

VÍCIO EM AÇÚCAR
O açúcar é um ingrediente chave na maioria de junk food, por isso eles ofereceram um xarope da substância a ratos, de concentração similar ao do açúcar presente em um refrigerante comum, por cerca de 12 horas por dia. Ao mesmo tempo, outros ratos eram alimentados com água e comida normal.
Depois de apenas um mês nessa dieta, os ratos desenvolveram mudanças de comportamento no cérebro, identificadas por Avena e Hoebel como idênticas às dos animais viciados em morfina. Eles ainda mostraram um comportamento ansioso quando a calda foi removida.
Os pesquisadores notaram que os cérebros dos ratos liberavam o neurotransmissor dopamina cada vez que tomavam a solução de açúcar, mesmo depois de terem bebido por semanas.
A dopamina conduz a busca do prazer --seja comida, drogas ou sexo. É um produto químico do cérebro vital para a aprendizagem, memória e tomada de decisão. "Eu esperava que ela fosse liberada quando eles comessem um alimento novo", afirma Avena, "não com o que eles já estavam habituados. Essa é uma das marcas da dependência de drogas.
A evidência encontrada foi a primeira concreta de uma base biológica para a dependência do açúcar que inspirou uma série de estudos com animais.
Os resultados estão entre as novidades mais interessantes em pesquisas de obesidade dos últimos 20 anos, de acordo com Mark Gold, autoridade internacional em estudos sobre alcoolismo e chefe do departamento de psiquiatria da Univercidade de Medicina da Flórida.
Desde o estudo de Avena e Hoebel, dezenas de outras pesquisas em animais confirmaram os resultados. Mas foram os recentes estudos em humanos os responsáveis pelas evidências em favor da rotulagem de junk food como um vício.
CÉREBRO VICIADOS
O vício é comumente descrito como um entorpecente dos circuitos de recompensa desencadeado pelo uso excessivo de alguma droga. Isto é exatamente o que acontece no cérebro de indivíduos obesos, segundo Gene-Jack Wang, presidente do departamento médico do US Department of Energy's Brookhaven National Laboratory, em Upton, Nova York. Em outro estudo publicado em 2001 no periódico "The Lancet", ele descobriu uma deficiência de dopamina no estriado do cérebro de indivíduos obesos que era praticamente idêntico ao dos dependentes de drogas.

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/798195-acucar-pode-causar-efeito-semelhante-ao-da-cocaina-no-cerebro.shtml

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Os domingos precisam de feriados

Rabino Nilton Bonder

Toda sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação.

Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Hoje, o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações "para não nos ocuparmos". A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições.

Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas.

Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.

Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.

As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o Domingo de um feriado...

Nossos namorados querem "ficar", trocando o "ser" pelo "estar". Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante.

Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção.

O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida.

A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é "o que vamos fazer hoje?" já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande "radical livre" que envelhece nossa alegria o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Açúcar e Câncer

Açúcar e câncer

18/8/2009

Agência FAPESP – A ingestão demasiada de açúcar pode estimular o desenvolvimento de tumores? Um estudo que será publicado esta semana no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences destaca a muito discutida mas pouco compreendida relação entre glicose e câncer.

A pesquisa também tem implicações importantes para outras doenças, como o diabetes. “Sabemos desde 1923 que células tumorais usam muito mais glicose do que células normais. Nossa pesquisa ajuda a tentar entender como esse processo ocorre e como pode ser interrompido de modo a tentar controlar o crescimento dos tumores”, disse Donald Ayer, professor do Instituto de Câncer Huntsman da Universidade de Utah e um dos autores do trabalho.

Durante o crescimento de células normais ou cancerosas ocorre um processo no nível celular que envolve tanto a glicose (açúcar) como a glutamina (aminoácido). Esses dois são essenciais para o crescimento celular e acreditava-se que funcionassem de modo independente.

O novo estudo mostra que glicose e glutamina são interdependentes. Os pesquisadores descobriram tal relação ao observar que, ao restringir a disponibilidade de glutamina, a utilização de glicose também era interrompida.

“Em resumo, se não temos glutamina a célula entra em uma espécie de curto-circuito por causa da falta de glicose. Isso, por sua vez, suspende o crescimento das células tumorais”, disse Ayer.

O trabalho do pesquisador e de seus colegas focou em uma proteína chamada mondoA, responsável por ligar e desligar genes. Na presença da glutamina, a proteína bloqueia a expressão de um gene conhecido como TXNIP.

Estima-se que o TXNIP seja supressor de tumores, mas, quando é bloqueado pela mondoA, ele faz com que as células passem a ingerir glicose, o que, por sua vez, estimula o crescimento de tumores.

Segundo Ayer, a próxima etapa da pesquisa enfocará o desenvolvimento de modelos animais para testar como o controle da mondoA e da TXNIP pode ajudar no controle do desenvolvimento do câncer.

O artigo Glutamine-dependent anapleurosis dictates glucose uptake and cell growth by regulating mondoA transcriptional activity, de Donald Ayer e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/10931/divulgacao-cientifica/acucar-e-cancer.htm

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Quase metade dos adultos tem excesso de peso

21/06/2010 - 16h10
Do UOL Ciência e Saúde
O brasileiro ficou mais gordo nos últimos anos. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que 46,6% da população está com excesso de peso e 13,9% são obesos. Os números de 2009 apresentam crescimento em comparação com os de 2006 quando 42,7% dos adultos estavam acima do peso e 11,4% poderiam ser classificados como obesos.
Proporção de excesso de peso por capital (%)
Rio Branco 52,2
Campo Grande 50,8
São Paulo 50,5
Rio de Janeiro 50,4
Boa Vista 49,1
Porto Velho 48,8
Aracaju 47,4
Fortaleza 47,0
Cuiabá 46,7
Vitória 46,3
Porto Alegre 46,1
Goiânia 45,8
Manaus 45,6
Recife 45,6
Curitiba 45,5
Natal 45,5
Salvador 45,3
Florianópolis 45,0
Belém 44,2
Macapá 43,5
João Pessoa 42,9
Maceió 41,5
São Luís 40,3
Belo Horizonte 39,9
Teresina 39,4
Palmas 37,7
Distr. Federal 36,2

* Fonte: Dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2009

Os homens são mais gordos, 51% contra 42,3% das mulheres, segundo a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 54 mil adultos.

O sedentarismo e padrões alimentares inadequados são apontados como causa do excesso de peso dos brasileiros. Apesar disto, a obesidade é vista como uma tendência mundial.

Entre os homens, o ganho de peso é mais comum a partir dos 35 anos e chega a 59,6% de homens de 55 a 64 com sobrepeso. Na população feminina, o índice mais que dobra na faixa etária dos 45 aos 54 anos (52,9%) em relação a 18-24 anos (24,9%).

Já a prevalência da obesidade entre homens quase triplica do grupo etário de 18 a 24 anos (7,7%) para 55 a 64 anos (19,9%). Quando se levam em consideração só as mulheres, o índice aumenta mais de três vezes na comparação das duas faixas etárias: de 6,2% para 21,3%.

Doenças
O excesso de peso aliado ao sedentarismo e à má alimentação contribui para o aparecimento de doenças crônicas. De acordo com o estudo, 24,4% da população brasileira foi diagnosticada com hipertensão arterial e 5,8% afirma sofrer de diabetes.

O consumo excessivo de sal e gordura é apontado como fator de risco para a pressão alta, enquanto a incidência de diabetes pode estar relacionada à ingestão de grande quantidade de açúcar, massas e alimentos calóricos.

Bebidas e cigarro

A pesquisa também revelou que, de 2006 a 2009, o percentual de fumantes na população caiu de 16,2% para 15,5%, segundo o Ministério da Saúde. O índice é bem menor que na Argentina e nos Estados Unidos, onde respectivamente 35% e 40% da população são dependentes da nicotina.

Pela primeira vez, a Vigitel aferiu a frequência de fumantes passivos na população. O levantamento aponta que 13,3% dos brasileiros não-fumantes moram com pelo menos uma pessoa que costuma fumar dentro de casa. Além disso, 12,8% das pessoas que não fumam convivem com ao menos um colega que fuma no local de trabalho.

Já a proporção de pessoas que declaram consumo abusivo de álcool cresceu de 16,2% da população, em 2006, para 18,9%, em 2009. O Ministério considera excesso de bebida alcoólica cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres.

O levantamento mostra que as situações de descontrole na hora de beber são mais frequentes na população masculina. No ano passado, 28,8% dos homens e 10,4% das mulheres beberam demais.

SOJA – A História Não É Bem Assim

Excelente artigo escrito pelo médico Alexandre Feldman, após extensa pesquisa a respeito da soja e seus derivados, ingrediente amado por uns e odiado por outros. Consumido largamente nos dias de hoje nas formas mais variadas e perigosas.

Hoje em dia existe uma verdadeira febre de consumo de soja. Propagada como um alimento rico em proteínas, baixo em calorias, carboidratos e gorduras, sem colesterol, rico em vitaminas, de fácil digestão, um ingrediente saboroso e versátil na culinária, a soja, na verdade é mais um “conto do vigário” do qual a maioria é vítima.
É bem verdade que a soja vem da Ásia, mais especificamente da China. Porém, os chineses só consumiam produtos FERMENTADOS de soja, como o shoyu e o missô.
Por volta do século 2 A.C., os chineses descobriram um modo de cozinhar os grãos de soja, transfomá-los em um purê e precipitá-lo através de sais de magnésio e cálcio, formando o assim chamado “queijo de soja” ou tofu. O uso destes alimentos derivados de soja se espalhou pelo oriente, especialmente no Japão. O uso de “queijo de soja” como fonte de proteí¬na data do século 8 da era cristã (Katz, Solomon H: “Food and Biocultural Evolution: A Model for the Investigation of Modern Nutritional Problems”, Nutritional Anthropology, Alan R. Liss Inc., 1987 pág. 50).
Não é à toa que os antigos chineses não se alimentavam do grão de soja. Hoje a ciência sabe que ela contém uma série de substâncias que podem ser prejudiciais à saúde, e que recebem o nome de antinutrientes.
Um destes antinutrientes é um inibidor da enzima tripsina, produzida pelo pâncreas e necessária à boa digestão de proteínas. Os inibidores da tripsina não são neutralizados pelo cozimento. Com a redução da digestão das proteínas, o caminho fica aberto para uma série de deficiências na captação de aminoácidos pelo organismo. Animais de laboratório desenvolvem aumento no tamanho do pâncreas e até câncer nessa glândula, quando em dietas ricas submetidos a inibidores da enzima tripsina.
Uma pessoa que não absorve corretamente os aminoácidos, tem o seu crescimento e desenvolvimento prejudicado. Você já notou que os japoneses são, normalmente, mais baixinhos? Já os descendentes que vivem em outros paí¬ses e adotam as dietas desses países, costumam ter uma estatura maior que a média no Japão. (Wills MR et al: Phytic Acid and Nutritional Rickets in Immigrants. The Lancet, 8 de abril de 1972, páginas 771-773).
O efeito inibitório da absorção de aminoácidos pode comprometer a fabricação de inúmeras substâncias formadas a partir dos mesmos, entre os quais, os neurotransmissores. A enxaqueca, a cefaléia em salvas, a cefaléia do tipo tensional, e outras dores de cabeça, além de depressão, ansiedade, pânico e fibromialgia, são causadas por um desequilíbrio dos neurotransmissores. Qualquer fator que prejudique a sua fabricação, pode aumentar ou perpetuar esse desequilíbrio.
A soja contém também uma substância chamada hemaglutinina, que pode aumentar a viscosidade do sangue e facilitar a sua coagulação. Portadores de enxaqueca já sofrem de um aumento na tendência de coagulação do sangue e uma propensão maior a acidentes vasculares. A pior coisa para esses indivíduos é ingerir substâncias que agravam essa tendência.
Tanto a tripsina, quanto a hemaglutinina e os fitatos, que mencionaremos a seguir, são neutralizados totalmente pelo processo de fermentação natural da soja na fabricação de shoyu e missô, e parcialmente durante a fabricação de tofu.
Os fitatos, ou ácido fítico, são substâncias presentes não apenas na soja, mas em todas as sementes, e que bloqueiam a absorção de uma série de substâncias essenciais ao organismo, como o cálcio (osteoporose), ferro (anemia), magnésio (dor crônica) e zinco (inteligência).
Você não sabia de nada disso?
Mas a ciência já sabe, estuda esse fenômeno extensamente e não tem dúvidas a respeito. Já comprovou este fato em estudos realizados em países subdesenvolvividos cuja dieta é baseada largamente em grãos. (Van-Rensburg et al: Nutritional status of African populations predisposed to esophageal cancer, Nutr Cancer, volume 4, páginas. 206-216; Moser PB et al: Copper, iron, zinc and selenium dietary intake and status of Nepalese lactating women and their breast-fed infants, Am J Clin Nutr, volume 47, páginas 729-734; Harland BF, et al: Nutritional status and phytate: zinc and phytate X calcium: zinc dietary molar ratios of lacto-ovo-vegetarian Trappist monks: 10 years later. J Am Diet Assoc., volume 88, páginas 1562-1566).
Claro que a divulgação desse conhecimento não é do interesse de toda uma indústria multibilionária da soja. A soja contém mais fitato que qualquer outro grão ou cereal. (El Tiney AH: Proximate Composition and Mineral and Phytate Contents of Legumes Grown in Sudan”, Journal of Food Composition and Analysis, v. 2, 1989, pp. 67-78).
Para os demais cereais e grãos (arroz integral, feijão, trigo, cevada, aveia, centeio etc), é possível reduzir bastante e neutralizar em grande parte o conteúdo de fitatos, através de cuidados simples, como deixá-los de molho por várias horas e, em seguida, submeter a um cozimento lento e prolongado. (Ologhobo AD et al: Distribution of phosphorus and phytate in some Nigerian varieties of legumes and some effects of processing. J Food Sci volume 49 número 1, páginas 199-201).
Já os fitatos da soja não são reduzidos por essas técnicas simples, requerendo para isso um processo bem longo (muitos meses, no mínimo) de fermentação. O tofu, que passa por um processo de precipitação, não tem os seus fitatos totalmente neutralizados.
Interessantemente, se produtos como o tofu forem consumidos com carne, ocorre uma redução dos efeitos inibidores dos fitatos. (Sandstrom B et al: Effect of protein level and protein source on zinc absorption in humans. J Nutr volume 119 número 1, páginas 48-53; Tait S et al, The availability of minerals in food, with particular reference to iron J R Soc Health, volume 103 número 2, páginas 74-77).
Mas geralmente, os maiores consumidores de tofu são vegetarianos que pretendem consumi-lo em lugar da carne!
O resultado?
Deficiências nutricionais que podem levar a doenças como dores crônicas, como dor de cabeça e fibromialgia. O zinco e o magnésio são necessários para o bom funcionamento do cérebro e do sistema nervoso. O zinco, em particular, está envolvido na produção de colágeno, na fabricação de proteí¬nas e no controle dos níveis de açúcar no sangue, além de ser um componente de várias enzimas e ser essencial para o nosso sistema de defesas. Os fitatos da soja prejudicam a abosrção do zinco mais do que qualquer outra substância. (Leviton, Richard: Tofu, Tempeh, Miso and Other Soyfoods: The “Food of the Future” – How to Enjoy Its Spectacular Health Benefits, Keats Publishing Inc, New Canaan, CT, 1982, páginas 14-15).
Por conta da tradição oriental, indústria da soja conseguiu inseri-la num patamar de “alimento saudável”, sem colesterol e vem desenvolvendo um mercado consumidor cada vez mais vegetariano. Infelizmente, ouvimos médicos e nutricionistas desinformados, ou melhor, mal informados por publicações pseudo-cientí¬ficas patrocinadas e divulgadas pela indústria da soja, fornecendo conselhos, em programas de TV em rede nacional, no sentido de consumi-la na forma de leite de soja (até para bebês!!), carne de soja, iogurte de soja, farinha de soja, sorvete de soja, queijo de soja, óleo de soja, lecitina de soja, proteína texturizada de soja, e a maior sensação do momento, comprimidos de isoflavonas de soja, sobre a qual comentarei mais adiante neste livro. A divulgação, na grande mídia, destes produtos de paladar no mínimo duvidoso, como sendo saudáveis, tem resultado em uma aceitação cada vez maior dos mesmos por parte da população.
Que prejuízo! (Não para a indústria, é claro).
Sabe como se faz leite de soja?
Primeiro, deixa-se de molho os grãos em uma solução alcalina, de modo a tentar neutralizar ao máximo (mas não totalmente) os inibidores da tripsina. Depois, essa pasta passa por um aquecimento a mais de 100 graus, sob pressão. Esse processo neutraliza grande parte (mas não a totalidade) dos antinutrientes, mas em troca, danifica a estrutura das proteínas, tornando-as desnaturadas, de difícil digestão. (Wallace GM: Studies on the Processing and Properties of Soymilk. J Sci Fd Agric volume 22, páginas 526-535). Além disso, os fitatos remanescentes são suficientes para impedir a absorção de nutrientes essenciais.
A propósito, aquela tal solução alcalina onde a soja fica de molho é à base de n-hexano, nada mais que um solvente derivado do petróleo, cujos traços ainda podem ser encontrados no produto final, que vai para a sua mesa, e que pode gerar o aparecimento de outras substâncias cancerígenas. Este n-hexano reduz, também, a concentração de um aminoácido importante, a cistina. (Berk Z: Technology of production of edible flours and protein products from soybeans. FAO Agricultural Services Bulletin 97, Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas, página 85, 1992). Felizmente, a cistina se encontra abundante na carne, ovos e iogurte integral – alimentos estes normalmente evitados pelos consumidores de leite de soja.
Mas como? A soja não é saudável? Não é isso que dizem os médicos e nutricionistas?
Infelizmente, a culpa não é deles, e sim do jogo de desinformação que interessa à toda a indústria alimentícia. A alimentação, assim como a saúde, é um grande negócio. Dois terços de todos os alimentos processados industrialmente, contém algum derivado da soja em sua composição. É só conferir os rótulos. A lecitina de soja atua como emulsificante. A farinha de soja aumenta a “vida de prateleira” de uma série de produtos. O óleo de soja é usado amplamente pela indústria de alimentos. A indústria da soja é enorme e poderosa.
E como se fabrica a proteína de soja?
Em primeiro lugar, retira-se da soja moída o seu óleo e o seu carboidrato, através de solventes químicos e alta temperatura. Em seguida, mistura-se uma solução alcalina para separar as fibras. Logo após, submete-se a um processo de precipitação e separação utilizando um banho ácido. Por último, vem um processo de neutralização através de uma solução alcalina. Segue-se uma secagem a altas temperaturas e à redução do produto a um pó. Este produto, altamente manipulado, possui seu valor nutricional totalmente comprometido. As vitaminas se vão, mas os inibidores da tripsina permanecem, firmes e fortes! (Rackis JJ et al: The USDA trypsin inhibitor study. I. Background, objectives and procedural details. Qual Plant Foods Hum Nutr, volume 35, pág. 232).
Não existe nenhuma lei no mundo que obrigue os alimentos à base de soja a exibirem, nos rótulos, a quantidade de inibidores da tripsina. Também não existe nenhuma lei padronizando as quantidades máximas deste produto. Que conveniente!
O povo… coitado… só foi “treinado” para ficar de olho na quantidade de coleterol – esta sim, presente em todos os rótulos. Uma substância natural e vital para o crescimento, desenvolvimento e bom funcionamento do cérebro e do organismo como um todo.
O povo nunca ouviu falar nos antinutrientes e inibidores da tripsina dos alimentos de soja.
A proteína texturizada de soja (proteína texturizada vegetal, carne de soja) possui um agravante: a adição de glutamato monossódico, no intuito de neutralizar o sabor de grão e criar um sabor de carne.
Alguns pesquisadores acreditam que o grande aumento das taxas de câncer de pâncreas e fígado, na África, se deve à introdução de produtos de soja naquela região. (Katz SH: Food and Biocultural Evolution: A Model for the Investigation of Modern Nutritional Problems. Nutritional Anthropology, Alan R. Liss Inc., 1987 pág. 50).
A minha dica: Quando consumir soja, utilize apenas os derivados altamente fermentados, como o missô e o shoyu. Mesmo assim, muita atenção para os rótulos. Compre apenas se neles estiver escrito “Fermentação Natural”, e se NÃO contiverem produtos como glutamato monossódico e outros ingredientes artificiais. Quando consumir tofu, certifique-se de lavá-lo com água corrente, pois grande quantidade dos antinutrientes ficam no seu soro.

A Convergência da Soja

por Dr José Carlos B Peixoto, médico*

Até os idos dos anos 70, acreditem: a soja era pouco conhecida no Brasil. A introdução deste exótico feijão em nosso país pode ter sido por volta do final do século XIX.
O que o marketing conseguiu fazer deste produto - a melhor coisa que a indústria alimentar jamais poderia ter produzido, é espetacular. Fez um vegetal impróprio para a alimentação humana até meados do século passado se tornar a síntese da comida saudável, sendo adicionado a praticamente tudo que se come no mundo ocidental. Um fenômeno, sem dúvida.
Antes da soja ser a dominância absoluta da paisagem agrícola de grande parte do solo produtivo do sul do Brasil, o produtor rural poderia produzir quase tudo o que comia. Era muito simples, poderia produzir alimentos que iriam do campo para a mesa ou para os mercados das cidades próximas. Como se sabe a soja não sai do campo para a mesa. Precisa ir para a indústria de transformação, produção alimentícia, rede de distribuidores intermediários e pontos de venda. O plantador fornece um poderoso insumo de uma gigantesca máquina mercantil, e só come seu produto após chegar ao supermercado. Super vantajoso... para o setor secundário e terciário, evidentemente.
Para validar este formidável transformação ecológica foi criado um dos maiores mitos da saúde aplicada à alimentação. Isto validou uma corrupção no senso comum atual, que foi construída perversamente em cima de meias verdades, pesquisas incompletas, sofismas históricos, coaptação de um idealismo new age (naturalismo dogmático, purismo vegetariano etc...) e milhões de dólares em propaganda.
Tudo começa quando se estuda a história da soja do Oriente. Era um dos cinco grãos sagrados, mas não para comer, mas sim para fixar nitrogênio no solo para favorecer o plantios dos grãos comestíveis. Só se transformou em algo comestível a partir das descobertas das técnicas de fermentação com sulfato de cálcio ou magnésio (por volta de 200 AC), quando surgiu o misso e o tofu, sempre comidos com proteínas animais, já que só assim este novo alimento seria seguro. A proteína isolada de soja jamais foi conhecido na tradicional comida oriental pelo singelo fato de só ser possível sua existência após as técnicas industriais do século XX no ocidente. Assim a famosa carne de soja é um brinde tecnológico que nunca foi a base alimentar oriental. Alias no Japão e China a média do consumo de soja não passa de duas colheres de chá por dia (consumida nos complementos alimentares). O consumo de soja majoritário só ocorria em monastérios de monges celibatários vegetarianos, visto que ela é um excelente supressor da libido.
Sally Fallon e Mary Enig, excepcionais estudiosas da área da nutrição que chegaram a impressionantes resultados em pesquisas a respeito das tradições alimentares, fizeram um incrível relato de suas pesquisas sobre a soja. Alguns dados são assustadores: a alimentação baseada em soja para crianças afeta de modo dramático as taxas de hormônios femininos, na forma de fitoestrogênios, que chega a ser 22.000 vezes maiores que as normais (em meninos e meninas, sendo comparado a ingestão de cinco pílulas anticonceptivas por dia). Mães vegetarianas usuárias deste tipo de alimento afetam sua prole de modo similar ao terrível dietilbestrol dos anos 50.
O fitohormonio isoflavona está longe de ser saudável. Os antinutrientes da soja são perigosos em vários aspectos para ossos, tireóide, sistema cardio vascular, e sistema imuno-endócrino. E possivelmente seja um incrementador de vários tipos de câncer, (mama, entre outros).

A convergência da soja está a serviço de um interesse óbvio para qualquer observador da área econômica. Centralizar o máximo possível a indústria alimentar em único produto chave, e este produto ser de propriedade de poucos - haveria melhor negócio? Atualmente a soja transgênica é posse de duas empresas apenas. É tão poderosa esta engrenagem, que o governo brasileiro legalizou a produção obtida a partir de sementes vindas do comércio ilegal. (Imagine se pessoas comuns resolvessem se beneficiar de frutos de comércio ilegal?)
A busca pela saúde passa naturalmente pela questão alimentar, no entanto não devemos esquecer uma máxima de economia básica: não há negócio mais garantido do que vender alimentos, já que todos precisamos comer. Infelizmente estamos numa fase de tremendo obscurantismo no conhecimento do que realmente é saudável para comermos, visto que a confusão tem sido a estratégia assumida por este setor produtivo.
Conhecer as tradições alimentares, principalmente pelos povos que estavam verdadeiramente integrados aos seus ambientes ecológicos pode ser o óbvio ponto de partida para não cairmos em verdadeiros contos do vigário como aquela propaganda super mal intencionada dos óleos vegetais: "este produto não contém colesterol". Enquanto o lucro for mais importante que a verdade, dificilmente a saúde será o comum no dia a dia em nossa sociedade.
__________

(Baseado no artigo "Newest research on why you should avoid soy" por Sally Fallon e Mary Enig, Nexus Magazine, vol 7, (April-May 2000), disponível no site http://www.mercola.com/article/ soy/avoid_soy.htm)

*

Israel também acha que Soja não é um bom alimento
O Ministério da Saúde de Israel passou a recomendar que a soja e seus produtos sejam consumidos com moderação, e que as fórmulas para mamadeira contendo soja sejam completamente evitadas. Há centenas de estuos ligando a soja a problemas como câncer, transtornos digestivos, doenças da tireóide, transtorno do déficit de atenção (ADD, em inglês), deterioração mental e transtornos reprodutivos.
A decisão israelita foi baseada nas conclusões de um comitê formado por oncologistas, pediatras, nutricionistas e outros especialistas. O comitê concluiu que:
• Os indícios de que a soja alivia os sintomas da menopausa são inconsistentes;
• Os fitoestrógenos da soja aumentam os riscos de câncer de mama; e
• Os fitoestrógenos da soja podem também reduzir a fertilidade masculina.
As medidas adotadas pelo Ministério da Saúde de Israel estão de acordo com as recomendações das autoridades de saúde do Reino Unido e da Associação Dietética Britânica. Segundo o Dr. Joseph Mercola, produtos fermentados de soja podem continuar sendo usados por aquelas pessoas que se beneficiam com isso.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Câncer matará 13,2 milhões por ano até 2030, diz ONU

01 de junho de 2010 | 19h 51
REUTERS

Até 2030, o câncer deve matar mais de 13,2 milhões de pessoas por ano, quase o dobro do número de vítimas da doença em 2008, disse a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (AIPC, um órgão da ONU) nesta terça-feira.

Também em 2030, a previsão é de que quase 21,4 milhões de novos casos sejam diagnosticados por ano.

Ao lançar um novo atlas da incidência global do câncer em 2008, último ano com dados disponíveis, a agência disse que o ônus do tratamento está cada vez mais passando dos países ricos para os pobres.

"O câncer não é raro em lugar nenhum do mundo, nem confinado a países de altos recursos", disse a AIPC em nota.

Em 2008, houve 12,7 milhões de novos casos de câncer, e 7,6 milhões de mortes. Cerca de 56 por cento dos novos casos e 63 por cento das mortes foram nos países em desenvolvimento.

Naquele ano, os tipos mais comuns de câncer foram de pulmão (1,61 milhão de casos), mama (1,38 milhão) e colorretal (1,23 milhão). Os mais letais foram os de pulmão (1,38 milhão de mortes), estômago (740 mil) e fígado (690 mil).

(Reportagem de Kate Kelland)
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cancer-matara-132-milhoes-por-ano-ate-2030-diz-onu,560141,0.htm

http://www.iarc.fr/en/media-centre/iarcnews/2010/globocan2008.php

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